Em fevereiro de 2017 a Netflix, lançou o documentário Abstract: A arte do design. O documentário seriado mostra um pouco dos trabalhos de alguns dos designers mais relevantes dos últimos anos. Para aqueles que ainda não viram, e aqueles que já assistiram, neste artigo vou fazer uma breve análise do documentário.
Para contextualizar, o documentário é divido em 9 episódios, e cada episódio é a respeito de um “designer” diferente. Essas aspas, são porque nem todos são designers de fato. Temos diversos profissionais que trabalham projetando coisas para as pessoas. Desde designer gráfico até cenógrafo.
Apesar de aparentemente ser uma produção feita para um determinado público, esse documentário é pensado para o grande público poder acompanhar. E isso não é necessariamente algo positivo. Para aqueles que não estão familiarizados com o mundo do design, o documentário é muito interessante, pois trás a história e trabalhos de grandes expoentes.
Todos os episódios (apesar de serem diferentes entre si) tem a mesma estrutura:
- A apresentação do personagem daquele episódio;
- como começou a carreira;
- a relação do design com a vida pessoal;
- os principais trabalhos;
- e projetos atuais e/ou futuros.
Uma estrutura simples e muito didática para quem não conhece essas pessoas.
Um ponto positivo para o documentário Abstract: A arte do design é desmitificar o design. Sabemos que pelo menos no Brasil, o designer é visto com um certo distanciamento. E o documentário consegue mostrar que o design é algo simples e importante, e que grandes empresas vivem de design.
O dois primeiros episódios são interessantes por mostrar algo muito comum as pessoas: a ilustração e o design de tênis. O primeiro episódio é com o ilustrador Christoph Niemann, conhecido por fazer as capas da revista The New Yorker. E para as pessoas que não são envolvidas com design, esse episódio é importante por mostrar um pouco do processo (bem pouco, aliás) de criação dos seus trabalhos. E podemos ver que o processo não é tão lúdico, quanto as pessoas pensam. Outra coisa interessante nesse episódio é a estética que ele apresenta. Com Christoph interagindo com as ilustrações.
O segundo episódio é com o designer de tênis Tinker Hatfield. Famoso designer de tênis da Nike, e conhecido por fazer os tênis da linha Air Jordan (uma linha da parceria entre a Nike e o jogador de basquete Michael Jordan). Como a Nike é uma marca mundialmente conhecida, mas nem todos sabem como as coisas acontecem na empresa, o episódio pode ser o mais interessante para a maioria. Além disso, podemos ver como uma das maiores empresas do mundo trabalha com o desenvolvimento de design.
Ainda com tudo isso, o que mais chama atenção de um modo positivo (principalmente para quem é designer) é como cada um entende o design. Cada um tem uma visão acerca do que faz, e a série mostra isso muito bem. E mostra como esse entendimento reflete em seus trabalhos. Mostra como pessoas diferentes pensam e veem o design, e em alguns momentos essas visões são quase iguais. Não que exista o certo ou errado em relação isso, mas vemos uma certa homogeneidade nesse aspecto.
De forma geral, o documentário é bem simples: o que é bom para uns e não tão bom para outros. Essa simplicidade serve para atrair e manter o grande público interessado, todavia para quem trabalha com design ou é um aspirante a designer, pode achar o documentário um tanto raso.
O que geralmente se espera de um documentário como esse, é saber como esses profissionais se tornaram o que são. Conhecer o processo de criação, ver alguns sketch’s, ou seja, um olhar mais aprofundado sobre o trabalho. Quem espera isso, acaba se decepcionando, pois o documentário se apega mais em mostrar os personagens de cada episódio e o produto final dos seu trabalho . E o processo para chegar aquele resultado, acaba sendo ignorado.
O que se espera de qualquer documentário é que ele traga informações sobre um determinado assunto, que vão além do senso comum.
O que se espera de qualquer documentário é que ele traga informações sobre um determinado assunto, que vão além do senso comum. E nesse caso, infelizmente, isso não acontece.
Como já falamos, o documentário foca muito mais nos personagens do que propriamente nos seus trabalhos. Após conhecer aquelas pessoas, o que se espera é ver como eles conseguem realizar, o que os tornou tão importantes. Mas esse momento nunca chega. Em suma o documentário é muito mais sobre designers, do que sobre design propriamente.
A série então, foi criada principalmente para o grande público, aqueles que não são envolvidos com design. E ela se propõe a apresentar grandes designers e seus principais trabalhos. Tudo isso sem entrar em detalhes da realização desses projetos. E com essa premissa, o documentário cumpre o seu papel.
Como tudo na vida, a produção Abstract: A arte do design tem coisas muito boas e outras nem tanto. De um modo geral, existem muito mais coisas positivas do que negativas:
É informativo, é de certo modo didático, simples e inspirador.
Esse documentário é outro acerto da gigante dos streamings. Para aqueles que gostam de design ou de qualquer área criativa, é um ótimo entretenimento, mas não espere mais do que isso.